Este não era um aniversário qualquer, este era o aniversário de um grupo de Amigos que há 5 anos se juntaram e criaram o lema “Vamos Ali, juntos pela aventura” e juntos fomos nós para Germil, para um pequeno refugio/albergue de montanha para celebrar a amizade que nos une. Mas esta não é uma amizade qualquer… Não nos encontramos todas as semanas, nem todos os meses. Não nos falamos nem convivemos todos os dias, afinal cada um de nós tem vida própria, mas quando nos juntamos, todos dão o seu melhor para que o dia, o momento a atividade seja perfeita. E foi com esse lema que comecei a planear a atividade quando me convidaram para guiar.
Queria unir os meus companheiros, queria que eles convivessem, queria um percurso que permitisse o deslumbramento das paisagens, a paz de poder contemplar, o silêncio que não era mais do que a mais bela sinfonia que entoava na alma de cada um de nós. E depois as gargalhadas de alegria, os sorrisos no rosto de quem se olha, os abraços de quem tão bem queremos e o sentimento pleno de poder partilhar a nossa felicidade por ali estar…
Foi assim que iniciamos o nosso percurso na pequena aldeia de Germil. Passando por um bosque lindíssimo, cravejado de musgo de um verde luxuriante onde meus companheiros se deliciaram com fotos. Fomos subindo lentamente e sem stress, cada um o seu ritmo. Uns mais velosos, outros com o tempo todo do mundo aproveitando para eternizar com suas máquinas cada momento, cada paisagem. Contornamos a Penedinhas passado por uma varanda lindíssima onde podemos apreciar as aldeias de Cutelo, Cortinhas e Brufe. Lindíssima a paisagem vista dali de cima com os seus socalcos que mais pareciam tapetes verdes estendidos ao sol…
Durante a subida, numa pequena chã paramos para um pequeno e saboroso descanso. Ali comecei o meu namoro com a serra que ilumina meu olhar, a serra do Gerês, pois estávamos na Serra Amarela. Ao longo de toda a subida estava ele, o tempo todo do lado direito num jogo de sedução e charme. Reconheci cada pico, cada alto, cada corga, cada contorno de sua silhueta… era capaz de reconhecer cada contorno só ao toque e de olho fechados. Impressionante como com o passar dos anos continuo deslumbrada por aquela serra… Meus colegas esse continuavam, uns encantados com uns garranos que por ali andavam e outros a apreciar a imensidão a nossa frente vista do alto de Penedinhas. Os últimos 100 metros antes de chegar ao Alto da Carvalhinha, o declive começava a acentuar mas todos foram valentes e atacaram o cume, como diz Miguel Torga, “como quem devora as bolachas da infância”… Uns chegaram num ápice, outros esperaram e acompanhar os mais lentos e outros até atrasaram só pelo prazer de mais umas últimas fotos… Chagando ao Alto da Carvalhinhas a 1095 mts de altitude paramos para o devido almoço. Retemperamos as energias, conversamos, risadas e gargalhadas, partilhamos emoções e eternizamos o momento com uma foto do grupo junto ao marco geodésico que ali há.
Se na subida a serra do Gerês esbanjou o seu charme, na descida a Serra da Peneda e o Soajo não lhe ficaram atrás. A Peneda erguia-se ao nosso lado imponente quase como impondo sua pujança toda, a Frágil serra do Soajo. As fragas inconfundível da Meadinha, Nedia ou das Pastorinhas e até a Fraga de Anamão estavam ali eretas marcando a sua posição e o seu respeito. Descemos até a Chã de Lamas e depois a Costa do Eido até apanhar o trilho do GR34 que nos levou novamente a Germil. Se na primeira parte do percurso foi sempre a subir a segunda parte foi sempre a descer. Mas não era uma descida qualquer, a beleza da paisagem é deslumbrante, fazendo nos sentir o ser mais pequeno que pode haver, mas também o mais feliz por ali estar e poder contemplar tamanha paisagem.
Chegamos bem cedo a Germil, eu queria que houvesse tempo para podermos apreciar com tempo todos os petiscos que todos trouxeram, que houvesse tempo para todos apreciarem o por do sol. Queria que meus colegas sentissem o mesmo prazer que eu sinto quando estou naquele ambiente, queria que todos estivessem bem e acho que todos estiveram. No final do dia e já a mesa duas colegas queridas, já de passagem, brindaram nos com a sua presença. A Tília e a Amarela juntaram se a nós por alguns quartos de horas pois já estavam de regresso para casa. Muito bom tê-las ali connosco também. Já o serão… enquanto uns regressavam a casa, outros acomodaram-se e outros resolveram jogar ao trivial. Eu discretamente fui me enfiando no meu saco cama e adormeci satisfeita por sentir que tudo correu melhor do que esperava.
No dia seguinte muitos já tinham regressado as suas casas mas ainda tive um grupinho de resistentes que queriam caminhar e assim foi. Se no dia anterior fomos as alturas no Domingo resolvemos descer ao leito do rio de Germil… Começamos por visitar um moinho lindíssimo a entrada da aldeia e descemos o monte para ir visitar o fojo do lobo de Germil que foi reconstruído a relativamente pouco tempo. Daí descemos até ao leito do rio numa aventura digna de verdadeiros montanheiros. No interior da mata e junto ao rio as paisagens são deslumbrante, a água corre fresca e cristalina por entre os rochedos revestidos de musgo bem verde. Ao logo do rio é enorme a quantidade de moinhos abandonados mas que revelam ter tido uma grande atividade há umas décadas atrás. Lentamente fomos subindo a montanha sempre ao longo do rio, com o cantar de alguns pássaros que manifestavam a sua alegria com a nossa passagem e ao som de uma orquestra magnífica feita pelas pequenas cascatas que ali há… Um verdadeiro bosque encantado onde todos passam ao lado e ninguém se atreve a penetrar… Chegando ao refúgio Pé d´Rios ainda preparamos o almoço ou quiçá lanche, bebemos mais umas cervejas, um último brinde a amizade que nos une e cada um foi para sua casa felizes por ali ter estado…
Um bem-haja a todos vos.
White Angel.