PR 15 Arouca - Viagem à Pré-História
Introdução
Depois de uma noite fresquinha no parque de campismo Refúgio da Freita, de manhã, quando vi o parque de estacionamento encher-se de carros, uns já estacionados e outros a chegarem em caravana lenta, alegrei-me e pensei: “Valeu a pena ter penado…Sim, senhor, o Vamos Ali esmerou-se…”
Ainda atrás das grades do parque, comecei à procura dos rostos conhecidos… Olhei para um lado e para o outro e nada…ninguém… Seria da minha vista??? Dois dias antes tinha ido ao oftalmologista e dei-me o desconto…Olhei melhor, apurei a vista, arregalei os olhos… Ninguém conhecido! Ninguém, vírgula, nada disso… É bem verdade que toda aquela gente pertencia a outras equipas, a outros grupos, mas lá estavam já o Picos e a Europa e poucos depois chegou a Abelharuca. Fiquei mais descansada…Afinal, sempre íamos ali…
Ainda esperámos 1 hora, a ver se alguém estaria atrasado (muito atrasado…), pronto…vá lá…10 minutos de espera…ou nem isso…está bem, não esperámos nada porque sabíamos que não apareceria mais ninguém…snif…!
Depois da contagem do extenso grupo (lá estou eu outra vez a fazer “filmes”) para não perdermos nenhum elemento pelo caminho, partimos, então, numa curta viagem no tempo até à Pré- História…toc…toc…toc…
O trilho
Iniciámos o trilho junto ao Parque de campismo. Após alguns metros em asfalto, tomámos o caminho à direita, na direcção de Albergaria da Serra. Nesta aldeia, um pequeno canídeo andava por ali. Parecia contente por nos ver passar, mas um bocadinho arquejante por causa da coleira um bocadinho “justa”. A Abelharuca fez muitas festinhas ao cãozinho, tentou alargar um bocadinho a coleira, mas não havia mais “furos”. Não podendo fazer mais, alertámos a dona que disse que mais tarde o marido trataria disso e faria mais um furinho na coleira do bicho. E seguimos caminho até à Junqueira, com o Caima por companhia, ora passando para a margem esquerda do rio ora para a direita, saltitando poças e charcos. O rio, aqui, ainda é um bebé…um riacho… Que será feito do Riacho, a propósito…?
Chegados às Pedras Boroas, por volta das 11h e pouco, uma curta paragem para fazer algumas imagens destas pedras e também do grupo.
As pedras boroas/ broas são grandes blocos de granito fracturadas, com fissuras poligonais com cinco ou seis lados, irregulares e com alguns centímetros de profundidade, que lembram a crosta de uma broa. Mas são um bocadinho mais duras que as broas de milho…E certamente menos saborosas…
Continuámos o nosso trilho …Campos verdes, pastagens, as “meninas” arouquesas em confraternização, ruminando verdes pastos.
Pelos céus, outros “caminhos” se cruzavam… Estava um dia bonito, embora começasse a aquecer…Uma sombrinha sabe sempre bem… Altura para confessar que já há algum tempo falávamos numa “jolinha” muito fresquinha…Ao longe, as eólicas, uma presença quase constante.
Decidimos não descer à Castanheira. Afinal já todos conhecíamos o fenómeno das parideiras, as “dobradiças” andam um bocado enferrujadas (pelo menos as minhas…) e a sede ia crescendo…
Seguimos para Cabaços, uma aldeia por onde o tempo não passou. Atravessa-se a aldeia e podemos bem sentir (e ver e cheirar…) a presença dos animais que ajudam à subsistência da pouca população que vai resistindo. O tempo não passou por aqui, mas a informação sempre vai chegando e “fotos”, não! “ Não se pode fazer fotos de pessoas sem autorização…” E a Europa apagou o quadro rural de quem, apesar da muita idade, aparentemente sem esforço, transportava às costas um enorme fardo de palha.
Dali à Mizarela foi um saltinho…Descemos e chegámos à estrada de asfalto, de novo com o Caima a seguir-nos à nossa esquerda. Não fomos lá abaixo ver as Marmitas de Gigante, mas elas estão lá demonstrando bem o trabalho da água em turbilhão, erodindo o substrato rochoso e, ao mesmo tempo, arredondando os seixos, polindo os sedimentos.
Mas ali mesmo à frente fica o Ponto Alto desta caminhada… Um dos pontos altos, claro… É o nome do Restaurante onde nos pudemos restaurar . Restaurar, restabelecer, retemperar forças, revigorar… Ai que fresquinhas estavam as nossas “pretinhas”…Nunca um grupo tão grande esteve tão de acordo…Cervejinhas pretas para todos! E tão boas que estavam, acompanhadas com tremoços bem temperados, frutos secos e o que mais foi saído das mochilas…E que agradável aquela sombrinha sobre a relva, com vista para o Vale do Caima e para a Mizarela.
Com o estômago mais composto mas as pernas mais pesadas, lá nos pusemos a caminho até à aldeia do Merujal… Tal como no início da nossa caminhada, temos de novo uma história com cachorros… Dois que andavam por ali à solta, felizes e contentes… Quem não estava muito contente era a dona do mais pequeno, que não o conseguia apanhar e levar para casa… Tivemos que montar o cerco àquela amostra de cão que parecia bem divertido a rabiar uns e outros… Por fim, lá foi apanhado e levou umas palmadas no focinho por se ter portado mal…
Mais uns metros até ao Parque de campismo e completámos a nossa caminhada que perfez 15kms… Bem bom!
Obrigada ao Picos, à Europa e à Abelharuca, pela excelente companhia, e a todos os outros que não puderam estar connosco mas foram lembrados.
Pyrenaica
Um aparte: No dia seguinte voltei ao Merujal, ao largo onde o cãozito nos andou a rabiar, porque me ficou nos olhos um monte de toros que ali estava… Queria um toro daqueles para um banquinho. Eram tão perfeitinhos…Não tive sorte. O dono da lenha não estava em casa nem por perto. Acho que temos que lá voltar…
Texto realizado por Pyrenaica
Participantes - Abelharuca, Europa, Picos e Pyrenaica